
Duas das startups abrigadas pelo CEI/UFG atingem marcos significativos
Feitos incluem seleção em lista de negócios mais promissores do país e parceria internacional
Se o ano de 2024 foi marcante para o Centro de Empreendedorismo e Incubação da Universidade Federal de Goiás (CEI/UFG), não foi diferente para várias das startups contempladas pelo seu Programa de Incubação. Duas delas, em particular, a Biotech Tecnologia Genômica Especializada (incubada), administrada pela pesquisadora Elisângela Lacerda, e a Tabia Saúde (incubada), fundada pelo empresário Ricardo Clemente, registraram conquistas no último trimestre do ano passado.
A Biotech, por exemplo, foi relacionada na lista das “100 Startups to Watch (STW) 2024” – grupo das 100 startups mais promissoras do país –, publicada na edição de outubro do ano passado na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (PEGN). A startup, fundada em 2023 e especializada em serviços médicos, diagnósticos e tratamentos onde a pessoa está (in loco), foi uma das cinco representantes do Centro-Oeste nesta prestigiosa seleção, todas do estado de Goiás, desbancando quase 2 mil concorrentes inscritos inicialmente.
Ela figura ao lado da Biotecland, que disponibiliza um insumo orgânico voltado à produção agrícola sustentável; da BioUS, atuante na criação de biopolímeros derivados de resíduos da agricultura e da agroindústria que seriam descartados; da Cogtive, focada em um software baseado em inteligência artificial (IA) e internet das coisas para aumentar a produtividade das indústria; e da Glia Innovation, cujo negócio é auxiliar a indústria de cosméticos a melhorar seus produtos por meio de nanotecnologia e peptídeos.
Empreendedorismo em Goiás
Conforme os dados apresentados pela PEGN, proporcionalmente, Goiás é um dos 10 estados com as maiores concentrações de startups no país, embora tenha uma participação pequena em relação à totalidade de startups existentes no país (1,8%). Contudo, quando observada a lista das 100 iniciativas mais promissoras do país, essa representatividade aumenta de forma significativa (5%). Em outras palavras, embora ainda atrás em quantidade, em termos de qualidade e potencial dos projetos, Goiás não deve nada aos grandes centros.
Outro aspecto que se destaca é o sufixo “bio” nos nomes de três das cinco startups, revelando a vocação local e as facilidades estratégicas para iniciativas empreendedoras de inovação no âmbito da biotecnologia. O segmento se tornou uma tradição no CEI/UFG, que tem em seu retrospecto negócios como BioGyn Soluções Entomológicas, Bio Manejo, LunaGreen Bioativos e Teia Bioprodutos, todos pós-incubados. Também atualmente o Programa de Incubação acolhe outros empreendimentos desse ramo, como a Bio Tiers, GenSeq - Análises Moleculares e Nanoterra.
Tabia Saúde
Quem também já fez parte da 100 STW foi a Tabia Saúde. A empresa goiana tem como produto uma plataforma digital que ajuda a organizar de forma eficiente o cuidado em saúde de pacientes crônicos e complexos. Como parte do seu plano de internacionalização, em novembro passado o empreendimento se juntou à Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês), uma centenária organização não-governamental (ONG) estadunidense.
A parceria permitirá a incorporação dos planos de cuidado da AHA no sistema disponibilizado pela Tabia, de modo a facilitar a vida dos pacientes e incentivar a adesão deles aos cuidados cardiovasculares. Adicionalmente, a Tabia integrará a Rede de Inovadores do Centro de Tecnologia e Inovação em Saúde da AHA (CHTI, na sigla em inglês), um ecossistema colaborativo orientado à implementação de soluções inteligentes, escaláveis e eficazes em saúde.
Segundo o CEO e co-fundador da companhia, Steven Pickett, a Tabia soube entender que a melhor maneira de melhorar a saúde do paciente e reduzir os custos da assistência médica é garantir a oferta de cuidados e tratamentos oportunos, conforme reforçado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “A computação em nuvem, a IA e as tecnologias de saúde digital estão tornando isso mais possível do que em qualquer outro momento da história, e temos orgulho de liderar esse movimento”, afirma.
No CEI/UFG desde 2022, a Tabia é presidida pelo empresário Ricardo Clemente, que também ajudou a fundar a Intelie, empresa de tecnologia de análise de dados para o setor de petróleo e gás. O negócio acabou vendido em 2018 para a gigante americana de tecnologia RigNet. Depois disso, ele, que morava fora do país, decidiu vir para Goiânia, onde está a família da esposa.
Até aqui, o investimento tem se mostrado muito bem-sucedido. Para ter uma ideia, antes mesmo de completar seu primeiro ano de existência, a Tabia Saúde conquistou mais de 12,6 mil pacientes sob gestão. “Nossa pretensão é global. Já tivemos uma experiência com a Intelie em sermos líderes globais em um segmento. A Tabia já nasceu e já tem clientes no Brasil e nos EUA. Queremos ser líderes no mundo na solução de orquestração de cuidado em escala”, conclui o seu presidente.
Muito embora os reconhecimentos à Biotech e Tabia decorram, acima de tudo, do mérito de cada negócio e de como eles são conduzidos, o gerente do CEI/UFG, Anderson Dias, lembra que o vínculo junto à incubadora faz a diferença nesses momentos. “Nossa organização oferece não apenas uma infraestrutura de alto nível, com espaços físicos adequados, mas também cursos e programas de capacitação essenciais para o desenvolvimento das empresas”, ressalta.
Lista
Em sua 7ª edição, o projeto 100 STW é uma iniciativa de PEGN e Época NEGÓCIOS, em parceria com as consultorias Elogroup e Innovc, e compila as empresas de base tecnológica mais visadas e de potencial futuro. As startups listadas foram avaliadas e escolhidas por representantes de organizações, fundos de investimento e programas públicos de fomento, além de jornalistas da Editora Globo, tendo por base grau de inovação, potencial de mercado, negócio e escalabilidade, equipe e maturidade da solução.